23 de junho de 2022
Selecionar as plantas e animais que vão gerar descendentes mais saudáveis e produtivos é um desafio para a agropecuária há milhares de anos. Mas o que antes era feito apenas com base nas características observáveis ou mensuráveis – como a velocidade de crescimento, a tolerância à seca ou a resistência a certas doenças – ganhou uma aliada de altíssima precisão, cada vez mais utilizada: a seleção genômica.
Em “Seleção Genômica Aplicada ao Melhoramento Genético”, lançamento da Editora UFV, são abordados variados aspectos do tema, ainda carente de publicações em língua portuguesa, em contraste com o crescente interesse internacional no assunto.
A obra é editada pelos professores Leonardo de Azevedo Peixoto, Leonardo Lopes Bhering e Cosme Damião Cruz, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Além destes, pesquisadores de instituições nacionais e internacionais assinam os capítulos.
Os métodos tradicionais de melhoramento tomam como referência os aspectos fenotípicos, isto é, as manifestações visíveis dos fatores genéticos. Cafeeiros que apresentam maior resistência a uma doença típica como a ferrugem, por exemplo, são utilizados para gerar descendentes igualmente resistentes. O problema é que, em larga escala, as margens de erro são grandes, uma imprecisão que pode custar caro a produtores e investidores.
A seleção genômica e, mais tarde, sua versão ampla (“genome-wide selection”, ou GWS) viriam a aprimorar a capacidade preditiva das técnicas de melhoramento. Num primeiro instante, pesquisadores conseguiram associar determinados marcadores genéticos a características específicas, porém ainda lidando com quantidades restritas de dados – sendo que os fatores de maior interesse frequentemente resultam de múltiplas combinações.
Mais recentemente, com o avanço da tecnologia envolvendo big data, tornou-se possível lidar com milhares de marcadores ao mesmo tempo. E, com isso, aumentar consideravelmente a acurácia das seleções – optando por mais de um fator simultaneamente, quando interessar. Vacas com menor incidência de carrapatos e maior produção de leite ou forrageiras mais nutritivas e tolerantes à seca, entre outros fatores.
A complexidade das atividades envolvidas no processo requer a mobilização de conhecimentos em diversas áreas, bem como equipes multidisciplinares que incluem agrônomos, biólogos, botânicos, estatísticos, matemáticos, veterinários e zootecnistas, entre outros. Grandes corporações têm reunido profissionais capazes de lidar com técnicas envolvendo redes neurais e aprendizado de máquinas, de maneira a potencializar o emprego dos dados genéticos disponíveis.
Todos esses temas são discutidos em Seleção Genômica Aplicada ao Melhoramento Genético. Para obter mais informações sobre a obra, clique aqui.