1 de agosto de 2022
Imagine que você decidiu investir na produção de uma cultura florestal como o eucalipto e, depois de anos aguardando o retorno, percebe que a plantação cresceu bem menos do que se esperava. Para reduzir os riscos nessas situações e melhorar o desempenho das atividades, o setor produtivo florestal tem incorporado, crescentemente, práticas recorrentes no meio acadêmico – como a elaboração de testes e experimentos. E para lançar luzes sobre os procedimentos metodológicos mais adequados em cada caso, a Editora UFV acaba de lançar “Planejamento de Experimentos com Espécies Florestais”.
Questões cruciais para a produção como a procedência dos exemplares, o espaçamento no plantio, o controle da matocompetição – em que espécies competem por nutrientes, espaço, luz –, preparo do solo, desrama e desbaste, entre outros fatores, podem ser controladas em experimentos, de modo a potencializar os recursos disponíveis. Com respaldo em evidências científicas, o livro traz, em seus oito capítulos, orientações que vão desde a elaboração do projeto até sua execução, incluindo a instalação, os delineamentos experimentais e a interpretação dos dados obtidos.
“A tomada de decisões na área florestal ocorre muito frequentemente com base na experiência do produtor, que pode errar devido à falta de dados suficientes para analisar com maior precisão as opções disponíveis”, explica o pesquisador e professor do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) Reginaldo Antonio Medeiros. Doutor em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), ele é um dos autores da publicação, também assinada pelos professores da UFV Haroldo Nogueira de Paiva e Helio Garcia Leite, além de Gilciano Saraiva Nogueira, docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Lacuna de mercado
A obra, segundo o professor Reginaldo, é pioneira na medida em que preenche uma lacuna num mercado carente de orientações para aquisição de informações mais precisas e confiáveis nos ramos da engenharia florestal, em especial da silvicultura. “A pesquisa florestal atualmente não está só na pós-graduação, à qual muitos recorriam em busca de parcerias, haja vista o conhecimento acumulado. As empresas passaram a investir também, com setores em que se elaboram seus próprios experimentos, o que melhora sua competitividade”, explica.
O pesquisador cita o exemplo da teca (Tectona grandis L.f.), espécie bastante cultivada no estado do Mato Grosso. “Como é proveniente de regiões quentes e úmidas da Ásia, muitos consideraram que a adaptação seria simples e automática por aqui, mas não foi o que ocorreu. Assim, com práticas de manejo equivocadas, escolha de locais de plantio e espaçamento inadequados, falta de controle de pragas da matocompetição, entre outros, surgiram dificuldades. A produtividade é muito irregular, variando de 3 a 40 metros cúbicos por hectare por ano, o que poderia ser atenuado com dados provenientes de experimentos”, observa.
Mais informações sobre Planejamento de Experimentos com Espécies Florestais estão disponíveis em https://editoraufv.com.br/produto/planejamento-de-experimentos-com-especies-florestais/5268415